
«Filhos da Madrugada», o duplo CD de homenagem a Zeca Afonso, vai estar disponível a partir de 27 de Abril. O alinhamento definitivo do álbum começa, no primeiro CD, com a interpretação de «Maio maduro Maio» pelos Madredeus; seguindo-se «Coro dos tribunais» pelos GNR; «A formiga no carreiro», pelos Sitiados; «Os índios da Meia-Praia» pelas Vozes da Rádio; «Venham mais cinco», pelos Tubarões; «O homem da gaita», pelos Peste & Sida; «Canto moço», pelos Ritual Tejo (o tema que tem o verso que dá nome ao disco); «Vejam bem», pelos Delfins; «Canção de embalar», pelos Diva; e «Era um redondo vocábulo», pelos Opus Ensemble. O CD 2 arranca com o «Coro da Primavera», pelos Xutos & Pontapés; «Cantigas do Maio», pela Sétima Legião; «Chamaram-me cigano», pelos Resistência; «Trás outro amigo também», pelos Entre Aspas; «O avô cavernoso», pelos Mão Morta; «Que amor não me engana», pelos Frei Fado D'El Rei (um dos grupos vencedores, junto com os Essa Entente, do concurso levado a cabo para recolha de participações de bandas menos conhecidas); «O que faz falta», pelos Censurados; «Ronda das Mafarricas», pela Brigada Vítor Jara; «A morte saiu à rua», pelos U.H.F.; «Senhor arcanjo», pelos Essa Entente; e finaliza com «Grândola Vila morena», interpretada pelo colectivo formado por músicos da maior parte dos grupos intervenientes e pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras. As gravações levaram 44 dias e as misturas levaram mais 20. O arranjo gráfico da capa é de Henrique Cayatte sobre uma fotografia de Luís Ramos, fotógrafo do PÚBLICO.
Publico
FILHOS DA MADRUGADA CANTAM JOSÉ AFONSO
25 DE ABRIL DE 1994 (20º ANIVERSÁRIO DO "25 DE ABRIL")
Tributo a José Afonso
CD 1
Madredeus - Maio Maduro Maio
G.N.R. - Coro dos Tribunais
Sitiados - A formiga no carreiro
Vozes da Rádio- Os Índios da Meia Praia
Tubarões - Venham mais cinco
Peste & Sida - O Homem da Gaita
Ritual Tejo - Canto Moço
Delfins - Vejam Bem
Diva - Canção de Embalar
Opus Ensemble - Era um redondo vocábulo
CD 2
Xutos & Pontapés - Coro da Primavera
Sétima Legião - Cantigas de Maio
Resistência - Chamaram-me cigano
Entre Aspas - Traz outro amigo também
Mão Morta - O avô cavernoso
Frei Fado D'el Rei - Que amor não me engana
Censurados - O que faz falta
Brigada Victor Jara - Ronda das Mafarricas
UHF - A Morte saiu à rua
Essa Entente - Senhor Arcanjo
Grândola Vila Morena
Vários - "Filhos da Madrugada", 1994 - Ed. e distri. BMG:
Destinado a comemorar a passagem de duas décadas sobre a Revolução dos Cravos, "Filhos da Madrugada" terá sido o projecto de maior envergadura alguma vez ensaiado na música portuguesa. Foi o pico de uma vaga de tributos (António Variações, Teresa de Noronha), naturalmente focado - dado o teor da efeméride - na memória de José Afonso. À partida havia dois projectos distintos: um de Sérgio Godinho que previa a recriação do autor de "Grândola" por vozes singulares, outro de Tim e João Gil, preferindo confiar a homenagem a bandas actuais. Vingou o segundo, embora fosse quase seguro que uma solução de compromisso teria produzido melhores dividendos artísticos.
No final foram apuradas duas dezenas de bandas para igual número de canções de Zeca sob a coordenação/produção de Manuel Faria - o que não chegou para assegurar a coerência de releituras assinadas por fãs confessos do Zeca, mas também por impugnadores seus mais ou menos arrependidos, por bandas consagradas e por estreantes nas mais diversas latitudes musicais. Numa óptica retrospectiva, no entanto, sobressaem pelo menos três grandes virtudes: a capacidade de iniciativa de uma indústria nacional que depois se veio a eclipsar, a vitalidade da última época em que a produção nacional rivalizou com a estrangeira e ainda a universalidade do legado de Zeca, susceptível de todas as releituras uma década depois do seu desaparecimento.
Luís Maio / Público, 08/05/2002